sexta-feira, julho 27, 2012

RELATO DE PARTO DA JULIA


Este é o meu relato de parto que aconteceu em 02 de dezembro de 2008. Foi sendo escrito aos poucos quando em  2010 ele ficou pronto.Hoje tenho a maturidade e o desprendimento para compartilhar essa história no blog.

Disseram que Julia estava pélvica. Pélvica é uma posição atualmente considerada pelos médicos como de risco, mas eu sei que ela é apenas uma posição incomum e rara e por isso é preciso alguém que saiba realizar esse tipo de parto. Mesmo assim fiz massagens, exercícios e muitas orações para que ela virasse.
Quando Julia nasceu estava com 42 anos e meu GO disse que eu era muito velha para um parto normal, mas me sentia saudável e em condições de parir.
Quantas vezes eu fugi da cesárea, por saber das desculpas esfarrapadas dos "especialistas"? Muitas. Porque esse era o meu desejo, porque eu já imaginava o que a cesárea fez com o meu corpo e porque queria sentir a "dor do parto" como uma bênção.
 O que pude sentir na dilatação é que dói, mas uma dor suportável, bela e engrandecedora.
Busquei informações e fui me preparando para um parto normal, que virou natural humanizado e transformou-se num parto domiciliar. E apenas descobri minha gravidez já com 17 semanas, mas isso é outra historia!
Minha bebê estava pélvica durante toda a gestação e eu sempre acreditei que ela viraria, mas não virou. Mesmo assim me informei e acreditei que era possível um parto domiciliar com ela pélvica.
Entrei em trabalho de parto ainda querendo que ela virasse, contrações leves, rompeu o tampão e das 10 da noite ate às 06h30min eu dilatei 7 cm. Foi quando Julia mudou de posição e ficou transversa. Minha parteira Vilma disse: “Precisamos conversar” e eu ouvi: “O gato subiu no telhado”, mas ela dizia: “ Sua barriga está alta, você dilatou, sua bolsa ainda não rompeu. Nessa posição é arriscado ficar em casa, é o momento de ir para o hospital." Eu ouvi, mas não entendi. Queria pedir para ficar, mas ela era a pessoa que eu tinha escolhido para me dizer o que fazer. Então acreditei nela, obedeci. Meu amado Lui, Marjorie doula e minha mãe fizeram uma mala às pressas e fui com o coração apertado. Tremendo de medo por dentro.
Como o trânsito estava parado, mas as contrações só aceleravam paramos uma ambulância do Corpo de Bombeiros e pedimos para nos levarem até o Hospital Pedreira. Foi um momento que pude relaxar com a conversa dos bombeiros, visto que um deles colocou luvas e disse pra eu ficar tranqüila que se o bebê nascesse ali ele ajudaria. Pude rir por dentro porque essa era a única certeza que eu tinha que Julia não ia nascer assim e era justamente por isso que estávamos indo para o Hospital. As contrações estavam mais seguidas e mais doloridas, então não conseguia ficar deitada
Eu estava morrendo de medo, quis fugir do hospital, mas minha querida doula Marjorie me salvou nessa hora dizendo que minha filha iria nascer e tinha chegado a hora, aqui ou em outro hospital. Sua presença foi fundamental naquele momento, pois minha vontade era sair correndo dali e fugir enquanto aguardava o médico chamar.
Hospital público se espera e mais contrações, Marjorie me massageando. Chamam meu número.  Sem me olhar o doutor disse que teria de ser removida, pois não havia vagas. Então veio o exame de toque, dilatação total 10 cm. Fiz cumprimentos mentalmente. Só que o tom da conversa mudou. Chamou enfermeira: “Prepare o centro cirúrgico já.” Eu chorava de medo, medo de ser cortada e de minha recuperação, de não poder cuidar de minha filha de tanta dor, mas em momento algum senti que ela corria perigo.
No centro cirúrgico eram duas médicas, só fiquei sabendo na saída da maternidade. Elas nem se apresentaram. Tocou um celular e eu falei: Aqui não é lugar de celular. A enfermeira veio me acalmar.  “Ouço alguém dizer: “Vou fazer um exame de toque” E eu: “Não precisa, a dilatação é total, ela esta pélvica (pois eu não tinha entendido que ela estava transversa) e vai ser cesárea.” A enfermeira percebeu meu estado alterado e segurou na minha mão, olhou nos meus olhos e disse que iria cuidar de mim e que estava tudo bem. Durante a cirurgia eu conversava com a Julia e orava em tom baixo. Veio a enfermeira no meu ouvido e disse: “A Dra pediu para parar, porque esta atrapalhando ela. ”Mas não quis obedecer. Não parei porque sabia que ali era momento meu e de Julia e que poderíamos contagiar a sala. Queria essa conexão, esse contato e esse clima para seu nascimento, que foi 9:44 da manhã, sem choro. Esta foi sua primeira lição para mim e me acalmei. A enfermeira veio cochichando dizer que ela tinha nascido fazendo cocô e xixi em cima de todo mundo.Rimos cúmplices. Presenciei as intervenções: colírio, aspiração e vitamina K injetável. Então Julia chorou.Ficava conversando com ela e dizendo: "Eu estou aqui, sou Ana ,sua mãe e tudo está bem, seja bem vinda, eu te amo".As enfermeiras foram verdadeiros anjos, pois me olharam nos olhos e puderam cuidar dos meus medos.
Trouxeram Julia para o meu lado enquanto ainda me costuravam, ela não chorava o que me acalmou muito. Julia me cuidou e naquele momento nasceu a mãe em mim!
Depois fomos para sala de recuperação e ficamos juntas. Deixaram meu amado companheiro Lui entrar. Eu estava sedada, doída, mas nada disso importava porque tinha Julia nos meus braços mamando.
Chorei quando já estava em casa só depois de dois dias e pensei que era menos mulher por não ter podido parir. Mas hoje sei que não tenho esse controle. É preciso como diz Ana Cris: “Ter flexibilidade na alma para suportar como a vida nos apresenta as situações: que não era a que desejávamos ou esperávamos, mas a que precisamos ter para crescer, aprender e amadurecer na vida.”
Pra mim o único caso que admitiria uma cesárea é se ela fosse necessária.
E percebi que nem assim foi fácil de engolir. Antes, era como se todas as cesáreas fossem desnecessárias. E justo a minha não foi... Precisei fazer as pazes e agradecer pela cesárea existir. Fazer parte das maternas é apoiar a cesárea necessária, bem indicada, consciente que este foi o melhor jeito de Julia chegar ao mundo.

domingo, julho 15, 2012


Oficina de Mandalas no Espaço Nascente Sábado dia 21 de julho




     OFICINA DE MANDALAS PARA FAMÍLIA

A mandala é um círculo sagrado, o ciclo da vida em contínuo movimento. Venha participar da atividade de criar, pintar e contemplar mandalas. Elas acalmam, auxiliam a conectar-se com a sua energia interior permitindo conhecer outros aspectos de si mesmo. Uma tarde harmoniosa de integração familiar.


ANA BACH – sou psicóloga clínica, comecei fazendo teatro em 84; trabalho com a voz fazendo locuções desde 89. Estudo, crio e facilito oficinas de mandalas e de práticas meditativas. Uma grande transformação aconteceu aos 42 anos, com o nascimento de minha filha. Fonte de inspiração renovadora me guia desde então em escolhas ativistas e regeneradoras que valorizem o feminino e a maternidade.

anabach.blogspot.com
 11 7979-3132
www.clubedavoz.com.br/anabach

Dia: 07/07, das 14h às 16h.
Aqui no Espaço Nascente.

Investimento:

100 reais para família (3 pessoas: pai, mãe e bebê) / 80 reais (2 pessoas) / 50 reais (1 pessoa)

Contato

Rua Grajau, 599 - Próximo ao metrô Sumaré - São Paulo
 (11) 3672-6561 /  (11) 2548-6383
espaconascente@gmail.com